“RESENHA #20: A MELODIA FEROZ - VICTORIA SCHWAB”

    • Páginas: 383

    • Editora: Seguinte

    • Autor (a):Victoria Schwab

    • Tradutor: Guilherme Miranda

    • Nota:    

    

Sinopse: Kate Harker e August Flynn vivem em lados opostos de uma cidade dividida entre Norte e Sul, onde a violência começou a gerar monstros de verdade. Eles são filhos dos líderes desses territórios inimigos e seus objetivos não poderiam ser mais diferentes. Kate sonha em ser tão cruel e impiedosa quanto o pai, que deixa os monstros livres e vende proteção aos humanos. August também quer ser como seu pai: um homem bondoso que defende os inocentes. O problema é que ele é um dos monstros, capaz de roubar a alma das vítimas com apenas uma nota musical. Quando Kate volta à cidade depois de um longo período, August recebe a missão de ficar de olho nela, disfarçado de um garoto comum. Não vai ser fácil para ele esconder sua verdadeira identidade, ainda mais quando uma revolução entre os monstros está prestes a eclodir, obrigando os dois a se unir para conseguir sobreviver.

Imagine viver em mundo onde as atrocidades humanas, geram monstros, impensável, né? Mas é isso o que esse livro nos proporciona. Após tempos de guerra, a paz finalmente foi selada em Veracidade, e a cidade foi dividida em duas partes, sul e norte, de um lado Henry Flynn, um idealista que preza pela paz, (ou pelo menos tenta) e do outro, Callum Harker, um homem ambicioso, que oferece "segurança" em troca de muito dinheiro. Dessa forma, os dois "lutam" contra os monstros, cada um à sua maneira. Monstros esses que surgem a partir de atos violentos cometidos por seres humanos, onde são dividos em três categorias, corsais, malchais e sunais. Corsais para crimes violentos, não letais, malchais para homicídios. E os sunais surgem de crimes mais hediondos, massacres, onde muitas pessoas morrem de uma só vez.

Após ter dado uma ambientada na história fica mais fácil ler a resenha sem se perder. Porque quando eu comecei a ler o livro, nas primeiras 40 páginas eu estava mais perdida que cego em tiroteio. Mas com um pouco de paciência as coisas foram ficando mais claras. Eu peguei a referência do livro no blog Capítulo Treze, e foi uma ótima dica, eu adorei o livro! Mas voltando a história, em "Melodia Feroz" o primeiro volume da duologia "Monstros da Violência", vamos acompanhar a vida de Kate Harker, filha de Callum e August Flynn, filho de Henry. 

Os protagonistas dessa história foram muito bem construídos, assim como outras coisas, mas vou falar deles em específico. Já começamos o livro com Kate mostrando que tem personalidade, e apesar de ser tão forte, é uma menina que está em busca da aprovação do pai, e tem um passado muito turbulento e trágico. Além disso ela possui seus receios e inseguranças como qualquer outra pessoa, mas Kate se transforma ao longo da obra. Durante o livro todo ela é brilhante e rebelde, tudo isso acrescenta um charme a personagem, e é impossível não gostar dela. 

E August, é um sunai, que gostaria de ser humano, ou pelo menos de se sentir mais humano. Ele é um personagem sensível, a perspectiva de August é baseada em sons e melodias. Eu achei essa ideia da música em um livro de fantasia, muito divertida, dois tipos artes comprimidas em uma coisa só. (Ficou fantástico, já que autora conseguiu interligar a música aos dois personagens principais.) E o que mais me encantou em August é que apesar de ser um monstro, o personagem é muito mais gentil que a maioria das pessoas. 

Quando uma história tem mais de um protagonista, às vezes eu fico com a sensação de que um recebeu mais destaque que outro, ou que um é mais cativante. Mas nesse livro, isso não acontece, o tempo em "cena" dos dois foi bem dividido, ambos tem espaço para brilhar, evoluir e se transformar, eu acho que os protagonistas se completam, (não no sentido romântico da coisa) como uma tampa e a panela.

Quando eu comecei a ler o livro eu nem sei o que eu estava esperando, mas eu fui surpreendida, toda a história é bem construída, desde o cenário, que é bem apocalíptico, até o próprio enredo. Porém a  coisa mais surpreendente é a ideia em si, é original, e a escritora conseguiu dar vida a imaginação de uma maneira genial. A cada página passada, eu me senti instigada a ler mais e mais, e terminei o livro em um dia. A escrita da autora é suave e fluída, mas ou mesmo tempo é contagiante. 

Em dados momentos durante o livro, eu fiquei com muito mais perguntas do que respostas, e isso é uma ótima sacada, pois deixa o leitor curioso, e eu particularmente fiquei mais imersa na história. O livro todo é bem misterioso, principalmente no início, a autora, vai mencionando às coisas aos poucos, deixando uma pista aqui e ali, até finalmente desvendar os mistérios, mas nem todos são resolvidos e o final do livro deixa àquela sensação de quero mais, que eu acho um sentimento delicioso. 

Além do mais, o livro é uma crítica, após ler apenas algumas páginas, isso fica bem claro. Principalmente pelo fato de que os problemas são gerados pelas próprias pessoas, ocasionados por diversos fatores, como a ambição, ignorância, medo, ganância, e principalmente por ódio. E como uma coisa leva a outra, é muito difícil não parar para refletir, e isso acaba nos levando há alguns questionamentos internos. Apesar de não estar habituada com esse tipo de leitura, mesmo sendo uma fantasia, eu gostei muito da história e acho que esse é um livro daqueles que precisam ser lidos.

É o primeiro livro da autora que eu leio, e eu simpatizei muito com a escrita dela, achei que conversou comigo, e pretendo ler o próximo volume dessa duologia, assim como "Um Tom Mais Escuro de Magia", um outro livro da mesma escritora. Eu achei a Melodia Feroz um livro inebriante, e fico muito feliz de ter dado uma chance para o mesmo, e assim eu termino a resenha rasgando seda novamente. Eu espero que vocês tenham gostado da resenha, beijocas e até a próxima! (◕ᴗ◕)

“Monstros grandes e pequenos, cadê?

Eles virão para comer você.

Corsais, corsais, dentes e garras,

sombras e ossos abrirão as bocarras.

Malchais, malchais, cadavéricos e sagazes,

bebem seu sangue com mordidas vorazes.

Sunais, sunais, olhos de carvão,

com uma melodia sua alma sugarão”.