“RESENHA #38: UMA PROPOSTA E NADA MAIS - (CLUBE DOS SOBREVIVENTES, VOLUME 1) MARY BALOGH”

    • Páginas: 272

    • Editora: Arqueiro

    • Autor (a): Mary Balogh

    • Título: Uma Proposta e Nada Mais

    • Coleção: Clube dos Sobreviventes

    • Nota:

Sinopse: Após ter tido sua cota de sofrimentos na vida, a jovem viúva Gwendoline, lady Muir, estava mais que satisfeita com sua rotina tranquila, e sempre resistiu a se casar novamente. Agora, porém, passou a se sentir solitária e inquieta, e considera a ideia de arranjar um marido calmo, refinado e que não espere muito dela.

Ao conhecer Hugo Emes, o lorde Trentham, logo vê que ele não é nada disso. Grosseirão e carrancudo, Hugo é um cavalheiro apenas no nome: ganhou seu título em reconhecimento a feitos na guerra. Após a morte do pai, um rico negociante, ele se vê responsável pelo bem-estar da madrasta e da meia-irmã, e decide arranjar uma esposa para tornar essa nova fase menos penosa.

Hugo a princípio não quer cortejar Gwen, pois a julga uma típica aristocrata mimada. Mas logo se torna incapaz de resistir a seu jeito inocente e sincero, sua risada contagiante, seu rosto adorável. Ela, por sua vez, começa a experimentar com ele sensações que jamais imaginava sentir novamente. E a cada beijo e cada carícia, Hugo a conquista mais – com seu desejo, seu amor e a promessa de fazê-la feliz para sempre.

Uma Proposta e Nada Mais é o primeiro volume da coleção Clube dos Sobreviventes. O clube é formado por pessoas que ficaram marcadas pela guerra de alguma forma, seja física ou psicológica. E nesse lugar os membros se apoiam um nos outros, e se ajudam, relevando os sentimentos mais sombrios que afligem suas almas, mas esses membros também criaram uma conexão e cumplicidade que nem o tempo pode desfazer. E em cada volume dessa coleção vamos acompanhar a história de um dos membros (que são eles Imogen, George, Flavian, Vicent, Benedict, Hugo e Ralph) do clube, e nesse primeiro volume, a história de Hugo é contada.

Hugo Emes ou Lorde Trentham é um ex militar que combateu nas linhas de frente durante as guerras contra Napoleão. Mas que carrega um enorme fardo em suas costas, devido a uma missão suicida que cumpriu anos atrás. No entanto, agora o pai de Hugo faleceu, e ele precisa tomar às rédeas dos negócios da família, como também cuidar de sua irmã com mais atenção e não menos importante, precisa se casar. E lá estava Gwendoline caminhando na praia e tendo uma ideia terrível de subir uma encosta ingrime, com uma perna machucada. E sim, como todo mundo já imaginava, deu ruim, ela caiu e por incrível coincidência do destino Hugo estava lá ao longe, vendo a cena toda e disposto a ajudar uma dama inconsequente. E a partir daí a história começou a se desenrolar.

Esse livro me surpreendeu de maneira positiva, eu li diversas resenhas muito favoráveis a respeito dessa história, então eu estava com certa expectativa. Mas ainda assim me surpreendi, principalmente com relação ao drama, a história não tem nem um terço da dramaticidade que eu achei que teria. E sim, a obra aborda diversos temas sérios, como doenças psicologicas, relações conturbadas, etc. Mas a autora trata tudo isso com uma leveza impressionante, e eu acho que a palavra que melhor descreve essa história é agradável.

O livro nos mostra também alguns vislumbres da vida dos demais membros do clube, então o leitor consegue ter uma noção da vida dos outros personagens. E isso é bom, pois de certa forma prepara o terreno para os próximos livros. Uma proposta e nada mais é narrado em terceira pessoa, alternando entre Hugo e Gwendoline. O livro não tem muitos momentos surpreendentes, nem emocionantes, no sentido de ação da coisa. E a história transcorre em uma marcha bem lenta, isso é algo que eu não curti, mas faz parte. Além disso o livro é muito descritivo, e apesar de não ter tantos diálogos, temos acesso aos infinitos pensamentos dos personagens. O livro é bem diferente dos romances de época que eu estou habituada a ler, mas ainda assim é uma boa história, e inclusive a escrita de Mary Balogh me lembrou a de Jane Austen.

Falando do romance, ele é acelerado e lento ao mesmo tempo, mas é incrivelmente bem construído. Marcado por algumas idas e vindas, mas Gwen e Hugo tem uma química muito agradável, o casal é um pouco mais velho do que normalmente temos em romances de época. E então em teoria eles deveriam ser mais maduros, e em alguns momentos eles realmente são, mas em outros eles agem como adolescentes apaixonadinhos, e isso é tão fofo, e na minha opinião agregou bastante a obra. Além disso tanto Hugo quando Gwen estão dispostos e abertos a exporem as suas vulnerabilidades um para o outro, o casal está pronto para se ajudar e se libertar dos traumas do passado, aos poucos.

Os protagonistas também fogem do clichê, tanto em personalidade, quanto fisicamente. E uma coisa bacana é que a Gwen tem uma posição social mais elevada que Hugo então isso é algo bem diferente e até curioso, porque querendo ou não, naquele época, posição social era algo importante, principalmente entre a alta sociedade de Londres. Hugo é o personagem mais verdadeiro e autêntico que eu já vi até hoje, em todos os livros que já li na vida, eu adorei ele e simpatizei muito com a personalidade dele. E Gwen também é uma mulher muito interessante, ela é decidida e se mantém firme nas suas decisões, ela não é uma mocinha audaciosa nem nada do tipo. Ainda assim Gwen é uma mulher maravilhosa, que é forte e empoderada em seu próprio tempo.

Eu gostei da leitura, eu super recomendo esse livro para quem gosta de romance de época e até para quem nunca leu, talvez seja uma boa pedida. A escrita da autora é cativante e ela desenvolveu tudo muito bem. Eu tenho as minhas ressalvas, mas a história não deixa de ser ótima. Eu espero que vocês tenham gostado da resenha beijos e até a próxima! (◕ᴗ◕)