“RESENHA #18: O CEIFADOR - NEAL SHUSTERMAN”

    • Páginas: 448

    • Editora: Seguinte

    • Autor (a): Neal Shusterman

    • Tradução: Guilherme Miranda

    • Nota:

   

Sinopse: A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria. Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - um papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a "arte" da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.

Bom, hoje eu vou falar um pouco do que eu achei do livro "O Ceifador" é o primeiro volume da trilogia scythe. Eu peguei a indicação do livro no blog Prefácio, e gostei bastante da história, uma das coisas legais de interagir com outros blogs é isso, pegar e dar dicas, sugerir indicações, compartilhar opiniões, e além de tudo, se divertir. Falando do livro em si, eu achei a premissa inicial muito interessante, e acabei dando uma oportunidade e me sinto muito feliz por isso.

Como a própria sinopse já diz, a humanidade alcançou o inalcançável, e a morte natural já não existe mais, e por isso são necessários os ceifadores, esses indivíduos tem dez mandamentos específicos a serem seguidos, e um deles diz que os ceifadores precisam manter um diário que é aberto a quem queira ler. Essa proposta é muito inteligente, pois todo capítulo começa com a página do diário de algum ceifador, e com isso conseguimos compreender um pouco do que essas pessoas pensam, quais princípios elas seguem e principalmente que entre a Ceifa, existem ceifadores com pensamentos extremamente divergentes. E isso obviamente culminaria em problemas.

A humanidade na história é comandada por dois grandes poderes, Nimbo-Cúmulo, uma inteligência artificial que ganhou consciência e não está suscetível a erros e a Ceifa, uma organização gerenciada por humanos, com a enorme responsabilidade de coletar outros seres humanos. Seria engraçado se não fosse trágico que o "homem" ficou responsável por uma única coisa e ainda assim conseguiu a corromper. Esse livro nos deixa aberto há muitos conflitos internos e momentos de reflexões, e na minha opinião essa é grande sacada da história, o livro é uma crítica, claramente. E uma frase que eu acho que se encaixa perfeitamente com esse livro é: 

"Que no fim, os monstros são sempre as pessoas"

Falando um pouco do enredo, ele é muito movimentado, do início ao fim. É uma história frenética, o que deixa o leitor instigado a continuar lendo até o livro terminar, e ao mesmo tempo que é muito agitado também é introdutório, e isso deixa as coisas mais contextualizadas. Em um dado momento a história me deixou com mais perguntas do que respostas, mas com o decorrer da trama as coisas vão sendo explicadas, talvez explicadas até demais, às vezes um mistério faz bem. Mas de qualquer forma é um livro muito bem escrito e desenvolvido, a leitura é fluida e suave. A narração é feita na terceira pessoa, sendo alternada a maior parte da história entre o ponto de vista de Citra e Rowan, os dois protagonistas.

Falando um pouco dos personagens, Citra e Rowan tem personalidades muito diferentes, mais ainda assim os dois são muito cativantes, talvez por conta da personalidade e da situação que o mesmo se encontrava, eu achei o desenvolvimento do Rowan mais profundo, em relação aos sentimentos. E já o de Citra, um pouco mais raso, nesse sentido, mas ela compensa isso com grandes façanhas ao longo da história. Devo admitir que acabei simpatizando mais com Rowan, mas Citra tem o seu próprio brilho, e os dois são personagens excelentes. 

CUIDADO: ALERTA DE SPOILERS, DAQUI PARA FRENTE É POR SUA CONTA E RISCO

Toda história desse estilo precisa de um antagonista, e o dessa é ótimo, por sinal, com sua prepotência e arrogância o Ceifador Goddard e a sua "pequena" síndrome de Deus, me fez sentir nojo do personagem, então na minha opinião ele cumpre bem o seu papel de vilão. Vou mencionar só esses três personagens, mas tem vários outros que são tão bem construídos quanto esses e também tem o seu devido destaque ao longo da trama.

Mas tiveram apenas duas coisas que eu não gostei nesse livro e vou fazer as minhas ressalvas. A primeira delas é romance entre Citra e Rowan, eu acho que a história não precisava desse tipo de relação entre os dois, poderia ter sido desenvolvido um outro tipo de relação entre eles e ainda assim manter a cumplicidade. O romance não me convenceu, me pareceu aqueles romances de escola, que às vezes não fazem sentido e ainda achei um pouco forçado, mas não é nada que atrapalhe a história em si. 

E a outra coisa é que o autor tem o artifício de poder matar algum personagem e o reviver a qualquer momento, então eu senti que ele exagerou no uso, já que geralmente em outras historias, a morte sempre traz peso, sofrimento e uma dose de dramaticidade, mas isso é mais um problema meu do que da história em si, eu não gosto muito dessa coisa de reviver personagens, se matou o personagem, deixe o mesmo morto, porque eu particularmente acho que perde todo o peso da ação de matar. No entanto o autor tem essa possibilidade em mãos e tem que fazer bom uso dela, como eu disse, é mais uma coisa que eu não gosto do que um "problema" em si.

Chegamos ao final da resenha e eu acho que foi uma leitura extraordinária, me proporcionou muitos sentimentos, bons e ruins, eu amei a história. Eu não tenho o hábito de ler ficção científica, e ainda assim me encantei, então eu acho muito válido dar uma oportunidade para história, caso algum de vocês sinta interessante. O autor construiu um universo único e simplesmente maravilhoso, mas chega de rasgação de seda. Espero que vocês tenham gostado da resenha, beijos e até a próxima! (◕ᴗ◕)